domingo, 3 de abril de 2011

O calo

O STF decidiu, mas no meio do caminho entre Cássio e Wilson há o Ministro Joaquim

O STF decidiu, mas no meio do caminho há o Ministro Joaquim e o cabo de guerra de estratégias de Cássio e Wilson

O Supremo Tribunal Federal – STF resolveu que a Lei Ficha Limpa não será aplicada para as eleições de 2012. A decisão trouxe alegria para o clã Cunha Lima, que passou a ver a cadeira de Senador bem mais próxima de Cássio; e preocupação para a turma de Wilson Santiago, que viu, talvez até pela primeira vez desde a posse, uma possibilidade real – bem real mesmo – de perda do mandato.

No dia seguinte à decisão do Supremo, encontrei com Lucimar da Cocada, uma fervorosa torcedora de Cássio, em Campina Grande. “Eita o homem assumiu, né?”. “Ainda não”, retruquei. “Acho que leva mais uma semana, mais ou menos”, disse. “Como uma semana? Não, ele já é Senador”, adiantou-se a animada cocadeira, saindo-se de fininho, como quem diz: “esse não sabe de nada”.

No mesmo dia, vi repercussão de falas de Cássio informando que a posse seria em aproximadamente 30 dias. Dois dias depois, ele falou em 40 dias. E, agora, já imagina que poderá ser bem mais.

No caso de Wilson, este nunca disse que iria sair. Claro, ele nem poderia, pois se ele não apostar na sua própria permanência, quem mais vai? Mas o seu semblante demonstrava preocupação no primeiro dia após a decisão do Supremo. E esta preocupação foi se desfazendo com o tempo. Hoje, quem vê Wilson Santiago falando sobre o assunto já não vislumbra mais o semblante pensativo, às vezes até meio aéreo, que se percebeu no ‘day after' da decisão do STF.

A verdade é que Cássio usará de todos os instrumentos jurídicos dos quais possa dispor para abreviar a permanência de Wilson na cadeira de Senador. E Wilson, por sua vez, fará o mesmo em sentido inverso. É a mesma estratégia usada por Cássio quando de sua cassação no Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba – TRE-PB. Lembram?

Na época, Cássio, através de seus advogados, abusou dos instrumentos protelatórios – e com razão, claro. Qualquer um faria o mesmo em seu lugar. Ao perceber que não mais dispunha do chamado ‘Bom Direito', a estratégia mudou, deixando de ser a defesa direta e passando a ser o ‘empurrar bom a barriga', para ver quanto tempo ainda poderia ficar sentado na cadeira de governador. E olha que ele conseguiu um bom tempo...

Pois é justamente isso o que Wilson vai fazer. Vai abusar dos instrumentos protelatórios – que são legítimos, juridicamente falando – e empurrará a sua saída para o máximo. E o trabalho já começou. Tanto que o próprio Cássio, na imprensa, fez severas críticas à postura de Wilson, esquecendo-se que ele próprio usou desta estratégia enquanto governador cassado.

No meio deste ‘cabo de guerra de estratégias' está o ministro Joaquim Barbosa, a quem caberá tomar a decisão final sobre o caso. Não falo da decisão sobre a quem pertence o mandato, mas da decisão sobre o processo em si. A ele cabe a prerrogativa de fazer com que haja tramitação da matéria – ou que ela hiberne tranquilamente em suas gavetas.

Há quem garanta que esteja nesta decisão do Ministro uma forma de vingança pela renúncia de Ronaldo Cunha Lima para fugir do julgamento do caso em que responde por tentativa de assassinato contra o ex-governador Tarcísio Burity – Barbosa ficou uma arara com a estratégia de Ronaldo em renunciar ao mandato de deputado federal, na legislatura passada, para se livrar do julgamento. Lembram?

Mas há quem garanta que o ministro não seja rancoroso. Até mesmo pela responsabilidade do cargo que ocupa e dos efeitos que suas decisões causam. Porém, o mais certo, neste momento, é que é muito difícil saber o que realmente se passa dentro do coração do homem. Neste caso, mudemos o adágio popular: ao invés de ‘...de cabeça de juiz não se sabe o que sai...”, adotemos “...do coração deste juiz não se sabe o tamanho do seu rancor...”. Tempo ao tempo...


PB Agora

com blog de Carlos Magno 

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